segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Suplementação infantil


Você já ouviu falar em suplementação infantil? Engana-se quem pensa que os suplementos são usados apenas por atletas que desejam fazer a massa muscular crescer. Em alguns casos, as crianças também podem receber algum tipo de suplemento.

É claro que o assunto é cercado por mitos, verdades e polêmicas. Pensando nisso, trago neste artigo a forma como a suplementação infantil pode equilibrar a entrada e absorção dos nutrientes pelas crianças.

Preparo durante a gravidez é fundamental

Quanto mais a gestante cuidar da própria alimentação enquanto espera pelo bebê, menor a necessidade de suplementação. A própria gestante, muitas vezes, pode receber suplementação para que o bebê nasça bem nutrido.

O parto também auxilia o bebê a formar a sua imunidade. Quando nasce de parto normal, o intestino da criança recebe a primeira colonização das bactérias boas do intestino. A segunda colonização ocorre na amamentação.

Quando o bebê mama o colostro assim que nasce, além de todos os benefícios que o primeiro leite oferece, também se beneficia do contato com a pele da mãe naquele momento.

Ao atender uma mulher que revela o desejo de engravidar em breve, eu recomendo que tanto ela quanto o parceiro cuidem da alimentação e dos hábitos de vida para gerar um bebê o mais saudável possível.

O ideal é livrar-se de vícios como álcool, cigarro, situações de estresse, não ser obeso ou sedentário.

Suplementação infantil desde o nascimento

Por melhor que a criança seja nutrida, mesmo com parto normal e amamentação no peito como fonte única de alimento até os seis meses de vida, a suplementação infantil é altamente recomendada a partir de sua primeira semana.

A vitamina D pode ser administrada no bebê desde cedo, assim como o ferro. Este é uma novidade, já que até pouco tempo o consenso sobre suplementação com ferro era apenas a partir do sexto mês de vida.

A necessidade de suplementação infantil com outros elementos, como cálcio, ômega 3, entre outros, é medida conforme o histórico da gestação, a alimentação atual e o tipo de parto.

Então, da próxima vez que você ouvir sobre suplementação infantil, não estranhe. É uma prática bastante recomendada para garantir o bom desenvolvimento da criança, sempre sob recomendação de pediatra e nutricionista materno infantil.

Espero que meu artigo tenha ajudado a esclarecer um pouco sobre o tema. Se você deseja se aprofundar, assista ao vídeo abaixo. Junto do dr. Victor Sorrentino, falamos com detalhes sobre o assunto.


Nutrientes, como ferro, vitaminas (C, D, E, B) e minerais (zinco, selênio) são comumente ingeridos em parcela inferior do que a considerada indicada para o bom funcionamento do corpo. Quando não há uma nutrição apropriada, podem-se detectar problemas no crescimento e desenvolvimento cognitivo, como também menos energia no dia a dia, além de prestarem menos atenção na escola e ficarem mais doentes. As dificuldades alimentares são capazes de acarretar consequências graves aos pequenos, como sérias repercussões físicas, incluindo complicações de crescimento, aumento das doenças crônicas, risco em desenvolver um distúrbio alimentar, baixa imunidade e dificuldades de cicatrização. a desnutrição é responsável por 55% das mortes de crianças no mundo inteiro. “Na anemia, por exemplo, há o abastecimento insuficiente de oxigênio ao corpo, o que pode levar à sensação de fraqueza ou fadiga. Outras consequências poderão incluir maior propensão a infecções, tonturas, dificuldade em respirar, dores de cabeça, palidez, dores no peito, entre outras.



FONTE

https://andreiafriques.com/nutricao-materno-infantil/suplementacao-infantil/

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Glutamina



A glutamina é um aminoácido considerado não essencial, pois é encontrada de forma abundante no corpo e sintetizada a partir do código genético. No entanto, é uma das substâncias mais importantes do organismo para realizar a criação de um ambiente anabólico no músculo, garantindo que haja uma menor fadiga muscular.


Para quem pratica musculação e exercícios físicos em geral, fazer a suplementação desse aminoácido é algo essencial para o metabolismo. Ele desempenha funções indispensáveis ao corpo e ajuda na manutenção de uma vida mais saudável.

Por que a suplementação?

É necessário tomar suplementos de glutamina quando se pratica atividade física de forma intensa. Isso porque, durante a realização do exercício, os níveis desse aminoácido no organismo sofrem uma queda. Para regular e fazer com que os níveis se mantenham normais, realizar a suplementação é o ideal.

Atletas em fase de competição utilizam glutamina para manter os músculos fortes e prevenir infecções, pois necessitam de uma quantidade maior dessa substância nos músculos do que o próprio corpo consegue produzir.

Para quem não compete, é preciso fazer uma avaliação médica e ter um acompanhamento para saber se o uso é o recomendado.


Para que serve?

A glutamina possui diversas funções importantes, como ser uma fonte de energia para alguns sistemas do corpo. A suplementação com essa substância é extremamente benéfica ao organismo:

? Ajuda o corpo a produzir energia, utilizando a glicose. Com isso, você terá muito mais "gás" para intensificar o treinamento;

? Previne problemas intestinais, tais como a diarreia. Isso acontece pois esse aminoácido age fortalecendo as células do intestino;

? Faz com que o sistema imunológico fique mais forte;

? Auxilia na prevenção de infecções, pois é um dos principais alimentos das células de defesa do corpo;

? Diminui a queima dos músculos e acelera a recuperação dos mesmos após os treinos.

Quanto se deve tomar?

Esse suplemento deve ser consumido sempre em pequenas porções, juntamente com as refeições. Atletas de modo geral tomam de 10 a 15 gramas por dia. Os melhores horários para consumo são pré ou pós-treino e antes de dormir, sempre acompanhado de uma refeição.

Essencial ao treino?

Apesar de ser um aminoácido não essencial, isso não quer dizer que não tenha uma grande importância para quem faz treinos intensos ? muito pelo contrário. Ele realiza algumas funções vitais para que diversos órgãos do corpo humano, como os pulmões, os rins e o coração, funcionem de maneira correta.

Um fato que comprova a sua importância é que essa substância age como fonte de energia para o sistema imunológico. Isso significa que, quanto menos glutamina no corpo, maiores as chances de contrair doenças. Para quem pratica exercícios, prevenir doenças é essencial para não ficar impossibilitado de se exercitar, atrapalhando toda a construção muscular que vem sendo desenvolvida.

Ela também é necessária para que o organismo consiga absorver e proliferar células intestinais, que atuam no auxílio ao órgão. Ainda é possível comentar também a ação no restabelecimento pós-treino. Essa substância ajuda a evitar o catabolismo e o overtraining (excesso de treino, seja em quantidade ou em carga). Nesse fato se justifica a sua suplementação.


FONTE

domingo, 22 de julho de 2018

Magnum Plus com Vitamina D3 em Cápsulas





O Magnum Plus é um suplemento mineral a base de calcário dolomítico, atribuído pelo nome comercial de dolomita. 100% natural foi descoberta nos Alpes Italianos pelo geólogo francês Deodat Dolomieu em (1750-1801), daí o nome “DOLOMITA”. O uso desses minerais é recomendado, na Europa e EUA tanto para funções de calcificação dos ossos e dentes como na transmissão neural e muscular.

É registrada no Ministério da Saúde como Alimento Funcional e Nutricional. A dolomita não é remédio é muito mais que isso, é o único mineral composto com um alto grau de pureza, livres de metais pesados. Sua função é fortalecer o sistema imunológico e normalizar o metabolismo. É por isso que ela se torna muito mais importante que os remédios.

A dolomita é extraída de rochas de origem calcária, e é composta principalmente de carbonato de cálcio (54%) e carbonato de magnésio (36%), sendo a combinação perfeita da natureza e está na proporção exata que favorece a absorção e fixação do cálcio nos ossos e descalcificando as articulações e artérias e magnésio ativando mais de 326 sistemas enzimáticos do corpo humano, elementos fundamentais para o organismo.


O cálcio participa na formação dos dentes, ossos, cartilagens e manutenção do tônus de todos os tecidos musculares, transmitem impulsos nervosos e permite o crescimento e desenvolvimento normal do ser humano.

O magnésio contribui na regularização dos níveis de cálcio no organismo, fortalecendo nervos e músculos. Destaca-se a importância para o trabalho e desenvolvimento muscular. Participa ativamente no mecanismo do potencial de ação dos músculos.

Os músculos contraem com cálcio e relaxam com magnésio. Foi constatado em pesquisas feitas em academias e equipes de ginástica olímpica, o aumento de até 30% da elasticidade muscular com o uso de Dolomita durante o período de um ano. Combate à fadiga muscular e é benéfico em casos de rigidez muscular.

Pesquisas realizadas no Instituto Weismann, de Israel, com um calcário dolomítico brasileiro comprovaram a presença de calcitriol, hormônio que fixa o cálcio nos ossos e atua em mais de 30 tecidos, produzindo aumento de trabéculas de medula vermelha e de massa óssea nos frangos que receberam suplemento do produto na ração, aumento da calcificação da matriz inorgânica, da flexibilidade e maleabilidade da matriz orgânica; redução dos sintomas e dor na osteoporose; estímulo do crescimento infantil com vantagens sobre o leite de vaca.


O suplemento via oral, em média de 3g por dia, pode ser usado como terapia complementar para tendência à desmineralização óssea, cardiopatias, hipertensão, diabetes, distúrbios gastrointestinais, gastralgias, diarréia, câimbras, tendinite, dores musculares e articulares, fibromialgia, DORT (Distúrbio Osteo-Muscular Relacionado ao Trabalho – ou LER (Lesões por Esforço Repetitivo), luxações recidivantes, bursite, processos inflamatórios, baixa imunidade, TPM (tensão pré-menstrual), cólica menstrual, metrorragia, espasmos brônquicos, queimaduras, úlceras de perna, e sempre que for necessária a regeneração tecidual. O Cálcio da Dolomita é melhor que o Cálcio de Ostras pois pessoas alérgicas a peixes e crustáceos podem consumir normalmente.

Para potencializar o efeito da dolomita, ela deve estar associada a outras terapias naturais, como a fitoterapia, hidroterapia e dietas especiais. Mas, outro fator importante é a junção da dolomita com a vitamina D, pois esta vitamina maximiza a absorção e a utilização do mineral cálcio pelo organismo. A vitamina D (ou calciferol) é uma vitamina que promove a absorção de cálcio (após a exposição à luz solar), essencial para o desenvolvimento normal dos ossos e dentes, atua também, como recentemente descoberto, no sistema imunológico, no coração, no cérebro e na secreção de insulina pelo pâncreas.

Funcionalmente, a vitamina D atua como um hormônio que mantém as concentrações de cálcio e fósforo no sangue através do aumento ou diminuição da absorção desses minerais no intestino delgado. Além da importância na manutenção dos níveis do cálcio no sangue e na saúde dos ossos, a vitamina D tem um papel muito importante na maioria das funções metabólicas e também nas funções musculares, cardíacas e neurológicas. A deficiência da vitamina D pode precipitar e aumentar a osteoporose em adultos e causar raquitismo, uma avitaminose, em crianças.



Indicação

Problemas gastrointestinais: acidez, azia, diarreia, dor estomacal, flatulência (gases), gastrites, intoxicação alimentar, má digestão, enjoo na gravidez, úlceras gástricas, hemorróidas, fissuras;

Problemas bucais: mau hálito (após escovação, mastigar o pó de três cápsulas, de dez a vinte minutos), limpeza bucal (adicionar dolomita, ao creme dental);

Problemas dermatológicos: queda de cabelos, queimaduras (fazer cataplasma, com dolomita e água), unhas quebradiças, doenças crônicas de pele, psoríase, alergias, eczemas, erisipela;

Problemas cardíacos: desordens do sistema cardiovascular, trombose, pressão alta;

Problemas ósseos: artrite, artrose, processos inflamatórios, tremores, osteoporoses, bursite, reumatismo, gota;

Infecções: amigdalite, gripe, renite, sinusite, dor de garganta, herpes, tendinite, colite;

Problemas ginecológicos: cólicas menstruais, miomas;

Problemas neurológicos: dor de cabeça, enxaqueca, perda de memória, insônia;

Problemas motores: DORT (doenças ocupacionais por repetição no trabalho);

Problemas psicológicos: stress, cansaço físico e mental, déficit de atenção, hiperatividade, nervosismo, irritabilidade;

Suplementação: cálcio, magnésio e vitamina D3.


Reações adversas: Não há relatos até o momento, nas literaturas pesquisadas.

Contra-indicações: Não há contra indicações até o momento nas literaturas pesquisadas, mas é sempre aconselhável consultar um profissional habilitado para prescrição.

Modo de usar: Ingerir 2 (duas) cápsulas após o almoço. Não exceder a porção diária recomendada.

Compatibilidades e farmacotécnica: Não há relatos até o momento, nas literaturas pesquisadas.

Incompatibilidades: Não há relatos até o momento, nas literaturas pesquisadas.

Toxicidade e mutagenicidade: Não há relatos até o momento, nas literaturas pesquisadas.

Conservação: Armazenar o produto em temperatura entre 15°C a 30°C e em local escuro, ventilado e seco.

Concentrado de Flor de Sabugueiro


O sabugueiro pode ser utilizado em quadros febris, visto que é um poderoso antitérmico; ajuda a tratar problemas renais, reumatismo, prisão de ventre e evita o envelhecimento precoce. Por ser rico em vitamina C, a planta fortalece o sistema imunológico e mantém pele e cabelo saudáveis.

Concentrado de Flor de Sabugueiro (Cordial) achei lá no Tentações Sobre a Mesa

São irresistíveis as belas flores de sabugueiro, tão delicadas e perfumadas. Quando passei um dias por terras do Douro, descobri que por lá já se investe na exploração dos sabugueiros. Encontrei campos cheios deles, soube que a produção é toda escoada para Espanha (flores e bagas). Depois importamos o produto final, que encontrei numa pequena loja " A Botica", entre eles doce feito com as bagas, uma geleia confecionada com as flores, licores e chá. Aos visitantes ofereciam um refresco de cordial com hortelã, mas que quase só sabia a hortelã! Achei o gesto bonito e até lhes recomendei a receita que já está AQUI no blogue, mas que é bem diferente da que hoje vos venho apresentar!




Decidi realizar um concentrado de flor de sabugueiro que fosse rico em sabor e muito mais leve em açucar, (tem um terço do habitual), porque o meu marido gosta muito e bebe imenso! Tenho que zelar pela sua boa saúde e preocupava-me a quantidade de açucar que ele estava a ingerir, ainda por cima por culpa minha! Sabendo de todos os benefícios do sabugueiro aborrecia-me que por causa do açúcar fizesse mais mal do que bem... então fiz esta experiência, que correu muito bem em sabor, mas que tem um senão...


Ao contrário dos xaropes que levam imenso açúcar, este não se pode preservar por muito tempo em garrafas esterilizadas! Conserva-se no frigorífico durante 2 ou 3 semanas, o que é pouco tempo.

Lembrei-me de o congelar, e não é que resultou lindamente! Distribui por pequenas garrafas de água (plásticas), e passado um ano o concentrado continua ótimo, como na hora! Outra forma muito prática de congelar é usar sacos para gelo, assim não é preciso esperar que descongele, vai direto para dentro do jarro. Se tiverem muitas couvetes podem até colocar algumas flores em cada, dá um belo efeito, um refresco mesmo elegante!


A mandolina da Borner tornou a tarefa de fatiar os limões em algo que se faz num instante, com a vantagem que ficam rodelas bem fininhas, extraindo-se assim todo o sabor do limão.


Concentrado de Flores de Sabugueiro

Ingredientes:

4 limões biológicos (tamanho médio);
0,5 kg de açucar;
25 flores de sabugueiro (umbelas ou cabeças);
1,5l de água mineral.

Execução:

Espalhe as flores na bancada e retire algum inseto que possam ter. Não as lave, nem sacuda, pois o polém vai produzir um aroma mais intenso.Separe as pequenas flores das hastes. Raspe a casca de um limão e esprema o sumo, fatie os restantes. Leve a água a ferver com o açúcar até que este se dissolva completamente.

Num recipiente grande coloque o sumo e as rodelas dos limões, a raspa e as flores em camadas, verta sobre estes o xarope de açúcar morno. Verifique que tudo fica submerso. Tape com um pano e deixe em infusão durante 24 horas, mexendo um vez por outra.

No dia seguinte coe o xarope e verta para pequenas garrafas de plástico ou para sacos de cubos de gelo. Congele para usar ao longo do ano. O refresco obtém-se diluindo uma colher de sopa de concentrado um copo de água (200 ml), mais ou menos dependendo do gosto pessoal.


Pode-se substituir uma parte do açúcar por mel, mas nota-se o sabor que se sobrepõe um pouco ao da flor, prefiro não usar.Já experimentei com açúcar amarelo, fica com uma cor  bastante mais escura e um sabor ligeiramente diferente, mas também gostei.




A época da floração do sabugueiro está quase a acabar, mais para norte florescem até ao final de Julho. Aqui na minha zona, Caminha - Viana do Castelo, ainda é possível encontrar, mas a fase áurea já passou.


Já tenho um pequeno sabugueiro no quintal, demora bastante a crescer. Felizmente por cá há bastantes e ninguém lhes liga nenhuma! Os nossos vizinhos do norte da Europa há muito que descobriram as maravilhas do sabugueiro, quando forem ao IKEA procurem na loja de alimentação, caso queiram provar, chama-se Elderflower Cordial.


Recorda-la na sua juventude, tê-la de volta em qualquer estação, sentir o seu calor, o seu perfume, saborear o seu doce beijo e reviver todas as sensações que só ela sabe despertar.


Será possível guardar pedacinhos de primavera?
É pois! Desta forma poderemos ter de volta momentos quentes e perfumados, a sensação de que a primavera nunca nos abandona, para isso basta encher num pequeno cálice de Licor de Flor de Sabugueiro, saboreá-lo lentamente e deixar que o seu calor nos invada e reconforte


Já antes me rendi à beleza e perfume das delicadas flores de sabugueiro, elaborando um cordial espesso e bem doce e um outro concentrado com menor teor de açúcar, mas não menos fragante e saboroso. Sabe tão bem degusta-lo em refrescos, bem gelados, nos dias mais quentes de verão, ou em sorvetes.

Desta vez decidi aventurar-me com um licor e ainda bem, fiquei muito agradada com o resultado. Pena que fiz apenas 1 litro, mas já estou a pensar em repetir a dose!


A época de floração do sabugueiro é de curta duração, ocorre entre Maio e Junho (dependendo das zonas). São descritas inúmeras vantagens e usos medicinais destas flores e das bagas também, essa parte fica para os especialistas, eu rendo-me ao seu encanto e à dança que as abelhas executam à sua volta. Felizmente já tenho dois destes arbustos no quintal e se tivesse espaço teria muitos mais, sou apaixonada por eles!


O processo de elaboração deste licor é muito simples, basta colher algumas flores (umbelas ou cabeças), preferencialmente de manhã, quando são mais perfumadas. Depois usa-las o mais rápido possível, uma a duas horas após a apanha.


Licor de Flor de Sabugueiro

Ingredientes:

20 a 30 umbelas de sabugueiro;
1 l de rum;
1 limão (casca);
200g de açúcar;
200 ml de água.

Execução:

Sacudir gentilmente as flores de forma a eliminar algum inseto indesejado. Cortar os caules, aproveitado apenas as flores viçosas e rejeitando as que se apresentem escuras. Esterilizar um frasco de vidro com capacidade para 1 litro de líquido. Introduzir as flores e cobrir com cascas de limão finamente cortadas. Estas evitarão o contacto das flores com o ar e a sua possível oxidação.

Verter o rum até cobrir totalmente as flores e as cascas de limão. Fechar bem o frasco.

Envolve-lo com folha de alumínio e guardar num local escuro e fresco (à temperatura ambiente), durante 4 semanas. O contacto com a luz nesta fase irá provocar o escurecimento das flores e o resultado será um licor acastanhado.

Findo este período a infusão de flores e rum deve apresentar com um tom amarelo dourado.
Preparar um xarope, levando ao lume a água e o açúcar até levantar fervura. Deixar arrefecer totalmente.

Coar o líquido da infusão para outro recipiente e juntar o xarope de açúcar. Nesta fase pode-se provar e ajustar a quantidade de açúcar ao gosto pessoal, pode-se adicionar maior quantidade de xarope caso se pretenda um licor mais espesso.

Decantar para garrafas previamente esterilizadas e arrolhar bem. Está pronto a ser consumido, mas o ideal será deixar maturar por 2 meses, num local fresco e escuro.

Conserva-se durante vários anos.


A natureza é uma enorme fonte de inspiração e de uma riqueza sem fim., nela encontramos tudo o que precisamos, só temos que estar atentos.

O sabugueiro, tantas vezes desprezado, encerra inúmeras qualidades e era muito valorizado na antiguidade, mas aos poucos foi sendo esquecido e até combatido como espécie infestante. Felizmente tem vindo a ser redescoberto e mesmo que não se faça nada com ele, só para desfrutar da sua beleza, e atrair as abelhas, já vale a pena ter um por perto, especialmente para quem tem pomares ou horta.


Esta é daquelas receitas que temos que ter paciência para aguardar pelo resultado final, mas vale mesmo a pena cada dia de espera. O licor é bom degustado simples, mas também pode ser usado para aromatizar gin, martini e até mesmo champanhe! Pode também ser usado em diferentes cocktails. Usei rum como base alcoólica, mas também pode ser feito com vodka ou água ardente.





Um brinde à primavera e ao perfume das flores!
Se quiserem conhecer melhor o sabugueiro sigam este LINK.


Diziam que ele era milagroso!
Sambucus Nigra tinha fama de ser feiticeiro, capaz de lançar poderosos encantamentos! Também se dizia que sabia fazer mezinhas e poções variadas, uns chamavam-lhe o "guardião da saúde", e quase o veneravam. Havia aqueles que o maldiziam e acusavam de ser venenoso, altamente perigoso, amigo das bruxas!
Não sei se sabem, mas foi ele que fez uma das varinhas mágicas mais poderosas de todos os tempos... sim, sim a "Elder Wand"!
Era preciso conhece-lo muito bem para perceber que o seu lado bom superava largamente a sua face mais obscura. Uma coisa é certa quer o amassem ou detestassem, quem o conhecesse não lhe ficava indiferente!
Este era sem dúvida um senhor a quem todos tiravam o chapéu!


Os sabugueiros estão em flor e que lindas são estas minúsculas florzinhas, juntas nas suas umbelas parecem ramos de noiva.
Há muito tempo que queria experimentar usa-las, mas tinha algum receio, por isso pesquisei imenso, li bastantes artigos, analisei receitas... em fim, certifiquei-me que não iria fazer asneira e pôr o pessoal aqui de casa a abraçar a barriga, eheheh.
Quando a Wikipédia me fala em " glicosideo de cianeto" todo o cuidado é pouco! Porém são muitos mais os beneficios desta planta que os seus perigos, é apenas preciso fazer dela uso correto. Se os antigos lhe chamavam "guardião da saúde" eu acredito na sua sabedoria, mas aqui vamos falar de gastronomia e não de medicina, deixo isso para os entendidos em "remédios", porém se fizer bem à saúde tanto melhor.


Decidi fazer um 1.º lugar o concentrado ou xarope de flor de sabugueiro, também conhecido por cordial. A maioria das receitas concordam nos ingredientes, mas diferem nas quantidades e tempo de maceração; foi-me difícil decidir qual fazer, além disso desagradava-me a ideia de ter que usar ácido-cítrico num produto caseiro. Até que descobri uma receita do Jamie Oliver que não o levava, no blog Lottei+Doof. Confio no bom gosto e experiência do Jamie, por isso a escolha estava feita.


O que aprendi entretanto e que não quero esquecer:

As flores devem ser apanhadas num dia de sol e se possível de vários sabugueiros, para se obter uma mistura de aromas e açucares;
Devem preferir-se flores jovens, acabadas de desabrochar;
Não podem ser lavadas, estendem-se numa bancada e separam-se dos pedúnculos verdes e limpam-se de algum pequeno inseto que possam ter;
Na execução do cordial as flores devem ser recém colhidas, o mais frescas possível;
O cordial pode ser feito só com limão ou com mistura de citrinos;
Se quisermos usar as flores para infusão têm que se deixar secar primeiro;
Podem ser usadas frescas em refrescos com sumo de limão e mel;
Podem ser fritas com um polme e polvilhadas com canela (vou fazer isto em breve);
As flores também podem ser usadas para aromatizar vinagres, doces e mel.

Ingredientes:

20 flores de sabugueiro (umbelas ou cabeças);
1,5 kg de açúcar;
1,5 l de água mineral;
2 limões grandes;
2 laranjas.

A mandolina da Borner mais uma vez facilitou-me imenso a trabalho e cortou num instante todos os citrinos em rodelas.

Execução:

Separe as pequenas flores das hastes. Corte as laranjas e os limões em rodelas. Leve a água a ferver com o açúcar até que este se dissolva completamente. Num recipiente grande coloque as rodelas dos citrinos e as flores em camadas, verta sobre estes o xarope de açúcar morno. Tape com um pano e deixe em infusão durante 24 horas, mexendo um vez por outra. No dia seguinte coe o xarope e guarde em frascos ou garrafas esterilizadas. Está pronto a ser usado em refrescos, gelados, bolos, cocktails, etc.




O refresco faz-se diluindo 1 colher de sopa de cordial numa chávena de água fresca (ou água com gás), claro que a concentração depende muito do gosto pessoal. Juntam-se pedras de gelo, pode decorar-se com rodelas de limão e flores. Cá em casa todos gostaram imenso. Não me importava que o sabor fosse um pouco mais forte, vou certamente repetir usando mais flores e juntando açúcar amarelo para obter uma cor mais acentuada.


Nestes dias de verão antecipado, sabe mesmo bem beber um pouco de primavera!

domingo, 6 de maio de 2018

Laranjeiras Sanguíneas: Cultivo no Brasil


As laranjas sanguíneas são caracterizadas pela coloração vermelha-intensa (violácea) da polpa e do suco, devido a presença do pigmento antocianina, solúvel em água. As antocianinas são pigmentos pertencentes a família dos flavonóides e possuem uma série de funções na natureza, tais como a proteção de plantas contra o ataque de patógenos, proteção contra os danos causados pela radiação UV e a pigmentação de flores, frutos e sementes, com as finalidades de atração de insetos polinizadores e de dispersão de sementes.

Estes compostos têm grande importância na dieta humana, pois participam na constituição de cores e sabores dos alimentos e podem ser consideradas também como agentes terapêuticos. Antocianinas possuem ainda a capacidade de proteção contra o estresse oxidativo, doenças do coração, certos tipos de câncer e outras doenças relacionadas, devido a sua capacidade de inativação de radicais livres.

A presença da coloração violácea e a sua intensidade na polpa das laranjas sanguíneas são dependentes de vários fatores, mas principalmente do clima da região em que são cultivadas. Regiões de clima ameno e/ou que apresentam maior amplitude térmica diária (dias quentes e noites frias) são as que favorecem a formação de frutos com maior teores de antocianina, resultando numa coloração mais intensa.

Todas as laranjas sanguíneas contêm antocianinas mas a sua concentração depende de vários condicionalismos. Algumas variedades de laranjas sanguíneas apresentam uma coloração mais intensa que outras e, logo, uma maior concentração de antocianinas. Na mesma variedade, o teor de antocianinas é superior nos climas mais frios. Estudos recentes demonstram que a presença de antocianinas pode aumentar, mesmo depois de o fruto ter sido colhido, se for conservado no frigorífico durante algumas semanas.

Isto pode ser comprovado pelo fato de várias variedades sanguíneas apresentarem frutos com forte coloração violácea quando cultivadas nas regiões de clima mediterrâneo e apresentarem frutos com coloração vermelha clara, quando cultivadas em regiões mais quentes, como no município de Cordeirópolis (SP, Brasil), por exemplo.

Como exemplos de variedades mais conhecidas e utilizadas de laranjas sanguíneas podem ser citadas a: Tarroco, Moro, Sanguigno doppio, Sanguinella e Sanguinelo, dentre outras (Figura 2), que são mais cultivadas nas regiões do mediterrâneo e na Índia, por apresentarem maior aceitação comercial. O Banco Ativo de Germoplasma (BAG Citros) do Centro de Citricultura Sylvio Moreira apresenta 17 variedades pertencentes a este grupo com origem de diversos países.

A cadeia citrícola pode ser considerada um dos segmentos mais globalizados do agronegócio brasileiro. Com grande parte de sua produção voltada ao mercado externo, esse setor exporta anualmente aproximadamente 1,1 milhão de toneladas de suco de laranja [somatório do suco de laranja concentrado congelado (FCOJ) e do suco de laranja NFC (Not from concentrated), exportado em 2016 - relatório do CitrusBr (2017), disponível em http://www. citrusbr.com/download/Relatorio_AGOSTO_2017_ano_civil.pdf)], o que resulta na entrada anual de aproximadamente 1,8 bilhão de dólares.

Dessa forma, os produtos citrícolas (suco e subprodutos) constituem um dos principais produtos da pauta das exportações agrícolas do país.

A agroindústria brasileira detém a liderança mundial na produção de laranjas (frutas) e dos sucos FCOJ e NFC: representa mais de 50% da produção mundial de suco de laranja e exporta 98% do que produz. O suco de laranja é a bebida à base de frutas mais consumida no mundo, com 35% de participação.

Por meio de uma análise da produção de laranjas no país, verifica-se que o cinturão citrícola (Estado de São Paulo e triângulo mineiro) é a maior região produtora de laranjas, com aproximadamente 80% da produção.

Um dos principais problemas da cadeia comercial da laranja brasileira é o baixo consumo no mercado interno de frutos e de sucos, pois, anualmente, apenas 30% do total de frutos produzidos são comercializados no país, geralmente na forma de frutas frescas.

Nesse sentido, a citricultura brasileira, que já tem apresentado nos últimos anos notável desenvolvimento do setor de frutas para processamento industrial (suco), deveria também adotar novas tecnologias de condução dos pomares, com o uso de mudas de melhor qualidade e novos materiais genéticos específicos para a comercialização como frutas de mesa ou para produção de suco NFC, preferido pelo consumidor brasileiro.

Os citros são plantas perenes, de ciclo vegetativo longo, isto é, levam muitos anos para iniciarem a produção, o que torna o melhoramento genético para essas espécies um processo longo e trabalhoso. Entretanto, observa-se uma grande vulnerabilidade genética da cultura devido às poucas variedades que constituem os plantios comerciais, o que tem se tornado uma preocupação constante para o melhoramento dos citros.

O sistema de cultivo basicamente monoclonal (com um ou poucos clones), de variedades com base genética estreita (baixa variabilidade) e em grandes extensões de terra, vem fazendo com que novas doenças ou pragas apareçam, o que resulta em elevados custos de produção.

Diante desse quadro, há grande interesse na seleção e lançamento de novas variedades cítricas, incluindo-se as laranjas que tenham aptidão para a comercialização visando ao consumo como fruta de mesa e/ou para a produção de suco NFC, o que resultaria também numa maior diversificação varietal para a citricultura brasileira.

Variedades de laranja pigmentadas

Algumas laranjeiras doces apresentam frutos com coloração de polpa e suco diferentes dos observados em frutos de variedades tradicionais, sendo denominadas como laranjeiras pigmentadas. Esse grupo inclui as laranjeiras de polpa vermelha e as laranjeiras sanguíneas.

As primeiras produzem frutos com polpa com coloração vermelha devido ao maior acúmulo de carotenoides totais, betacaroteno e, principalmente, licopeno (Figura 1). Já as laranjeiras sanguíneas produzem frutos com polpa e suco contendo coloração vermelho-intenso devido ao acúmulo de antocianinas (Figura 2).

Figura 1. Fruto de laranja da variedade Sanguínea-de-mombuca, do grupo das laranjeiras de polpa vermelha, que apresentam coloração vermelha na polpa devido principalmente ao acúmulo de licopeno.


Figura 2. Fruto de laranja da variedade Moro, do grupo das laranjeiras sanguíneas, que apresentam coloração vermelho-intenso (violácea) na polpa devido ao acúmulo de antocianinas. Fruto cultivado na região da Sicília (Itália).


As laranjeiras sanguíneas são originárias da região Mediterrânea, provavelmente de Malta ou da região da Sicília (Itália), e têm sido cultivadas há vários séculos naquela região, mas principalmente na Itália, Espanha, Marrocos, Argélia e Tunísia.

As variedades de laranjeiras sanguíneas mais cultivadas na Itália são as dos grupos varietais: Moro, Tarocco e Sanguinello, com aproximadamente 70% da produção total. As diversas variedades comerciais de Tarocco possuem aptidão principalmente para a produção de frutos de mesa devido às suas excelentes qualidades de fruta e por apresentarem frutos com menor acúmulo de antocianinas, enquanto as variedades Moro e Sanguinello geralmente possuem os frutos destinados ao processamento de suco (frutos com maior acúmulo de antocianinas na polpa).


O acúmulo de antocianinas nos frutos de laranjeiras sanguíneas é influenciado positivamente pelo cultivo de plantas em locais com temperaturas amenas (outono e inverno frio) ou com alta amplitude térmica diária (outono e inverno).

Isso pode ser comprovado pelo fato de várias variedades sanguíneas apresentarem frutos com forte coloração violácea quando cultivadas nas regiões de clima mediterrâneo (sul da Europa e norte da África), e apresentarem frutos com coloração amarelo-claro quando cultivadas em regiões com clima mais quente, como no município de Cordeirópolis, SP (Figura 3).

Uma característica importante é a possibilidade de se incrementar a concentração de antocianinas nos frutos de laranjas sanguíneas por meio da conservação pós-colheita dos frutos em câmara fria, sob baixa temperatura (entre 4 e 10oC), durante um período de tempo que pode variar entre 30 e 90 dias.


Figura 3. Fruto de laranja da variedade Moro, do grupo das laranjeiras sanguíneas, com pequeno acúmulo de antocianinas quando cultivadas em Cordeirópolis, SP.

Como não há relatos disponíveis a respeito da avaliação do potencial produtivo e da caracterização agronômica de variedades de laranjas sanguíneas no Brasil, é importante avaliar suas performances agronômicas e de qualidade de frutos em diferentes regiões citrícolas do Estado de São Paulo e com plantio sobre diferentes portaenxertos.

Assim será possível selecionar as melhores variedades, os portaenxertos mais produtivos e que induzem a produção de frutos com melhores qualidades, além dos efeitos do clima na performance agronômica e nas características físicas e químicas de frutos e sucos.

Concomitantemente aos experimentos de avaliação agronômica, é necessário desenvolver um pacote tecnológico para cultivo e processamento de laranjas sanguíneas a fim de:

a) determinar as variedades mais produtivas e que acumulam os maiores teores de antocianinas na polpa e no suco;
b) determinar os locais de cultivo que apresentam clima mais adequado para maximizar o acúmulo de antocianinas em frutos de laranjas sanguíneas;
c) identificar os efeitos dos estádios de maturação de frutos no acúmulo de antocianinas;
d) determinar os efeitos da temperatura e tempo de armazenamento de frutos em baixas temperaturas na qualidade e no acúmulo de antocianinas no suco de frutos de variedades sanguíneas;
e) determinar o efeito do processamento do suco (pasteurização e/ou concentração) na manutenção do conteúdo de antocianinas presentes no suco dos frutos.

Informações técnicas sobre laranjas sanguíneas e seu cultivo no brasil

Os estudos envolvendo laranjas sanguíneas foram iniciados no ano de 2005, no Centro APTA Citros “Sylvio Moreira”/ IAC, com a avaliação preliminar de todas as laranjeiras sanguíneas pertencentes ao BAG-Citros (Banco de Germoplasma de Citros) dessa instituição. Nessa avaliação, concluiu-se que havia 18 variedades que podem ser consideradas como laranjas sanguíneas, originadas de diversos países, tais como Itália, Marrocos, Córsega, Espanha e também do Brasil (Tabela 1). Todas elas foram originadas de introduções antigas, realizadas no BAG-Citros, para as quais há poucas informações relevantes.

As avaliações realizadas em frutos colhidos de plantas dessas 18 variedades, mantidas no BAG-Citros, nos anos de 2007 e 2008, demonstraram que, apesar de serem consideradas como laranjeiras sanguíneas, todas essas variedades produziam frutos com coloração amarelo-alaranjado quando as plantas eram cultivadas em região com clima ameno (como Cordeirópolis, SP, por exemplo).


Tabela 1. Nome e número do acesso das laranjeiras sanguíneas presentes no BAG-Citros do Centro APTA Citros “Sylvio Moreira”/IAC.

CN – clone novo, CV – clone velho.

O acúmulo máximo obtido foi de 9,4 mg.L-1 de antocianinas no suco quando os frutos foram colhidos do campo e o suco extraído no mesmo dia. Algumas variedades não conseguiam acumular antocianinas nos frutos nessas condições de cultivo (Figura 4).

No entanto, quando os frutos foram colhidos de plantas desse mesmo pomar e foram posteriormente submetidos à conservação pós-colheita no frio (10 oC, durante até 60 dias), todas as variedades apresentaram frutos contendo antocianinas no suco, mas com concentrações distintas (Figura 5).

As variedades do grupo da Moro foram as que apresentaram frutos com colorações mais intensas aos 60 dias de conservação no frio, com concentrações de antocianinas entre 100 e 230 mg.L-1 no suco. As variedades do grupo da Sanguinelli vieram em seguida, com concentrações entre 70 e 110 mg.L1 de antocianinas no suco, seguidas das demais variedades (entre 1,5 e 70 mg.L-1 de antocianinas no suco).


Figura 4. Frutos e sucos de frutos de laranjas sanguíneas colhidas do campo e sem conservação no frio.


Figura 5. Frutos e sucos de frutos de laranjas sanguíneas colhidas do campo e seguidas de conservação durante 60 dias a 10 oC.

A maioria das laranjeiras sanguíneas produziu frutos com tamanho médio (massa entre 120 e 170 g e tamanho médio dos frutos entre 7,0 x 6,5 cm - alt. x larg.), frutos maduros contendo teores de sólidos solúveis entre 9,2 e 11,9 obrix, acidez titulável entre 1,1 e 2,1, o que resultava em ratios do suco entre 7,0 e 11,0. As porcentagens médias de suco encontradas nos frutos dessas variedades variaram entre 47,5 e 56,2%.

Para sumarizar, esses estudos preliminares demonstraram que os frutos das laranjeiras sanguíneas avaliadas apresentavam qualidades adequadas ao processamento de suco, à exceção da acidez titulável do suco dos frutos, que demonstrava ser mais elevada que a das variedades tradicionais (com polpa amarela) cultivadas e processadas no Brasil, mesmo quando os frutos atingiam o estádio máximo de maturação (para comparar: nas laranjas de polpa amarela, a acidez titulável do suco era menor do que 1,0 quando os frutos estavam maduros).

De modo geral, as laranjeiras sanguíneas apresentavam frutos com maturação precoce ou de meia-estação, com o estádio máximo de maturação sendo atingido anualmente nos meses de junho, julho ou agosto nas condições de cultivo de Cordeirópolis, SP. Coincidentemente, essa época geralmente apresenta os meses com as temperaturas diárias mais baixas de cada ano (final da estação de outono e início da estação do inverno).

Sendo assim, os frutos dessas variedades, cultivados tanto no hemisfério norte como no sul do planeta, permanecem nas plantas e completam o seu período de maturação nos meses mais frios, o que possibilita o maior acúmulo natural de antocianinas nas polpas dos frutos.

Nos países de clima mediterrâneo, as baixas temperaturas diárias nas estações de outono e inverno possibilitam a produção natural de frutos contendo até 250-320 mg.L-1 de antocianinas no suco (exemplo: região da Sicília, Itália), sem a necessidade de conservação pós-colheita no frio.

Um desafio tecnológico para o Brasil para a produção de laranjas sanguíneas é encontrar alguma região propícia ao cultivo dos citros que apresente as estações do outono e inverno com clima semelhante ao observado nas regiões Mediterrâneas.

Em busca de superar esse desafio, a partir de 2008 foram instalados dois experimentos de campo visando à avaliação de diversas laranjeiras sanguíneas em regiões com características edafoclimáticas distintas dentro do Estado de SP. Os portaenxertos utilizados nesses experimentos foram o citrumelo Swingle, tangerina Sunki e limão Cravo.

Os resultados parciais possibilitaram o avanço do conhecimento nas seguintes questões:

a) até o presente momento, somente a variedade Tarocco apresentou incompatibilidade gráfica severa com o portaenxerto citrumelo Swingle, e com indução de mortalidade de plantas após o terceiro ano de cultivo;
b) as produtividades médias das plantas dessas variedades eram adequadas em comparação com as da laranjeira Valência, importante variedade cultivada no Brasil.

No entanto, as laranjeiras Sanguinelli apresentavam plantas com grande produtividade já nos primeiros anos dos experimentos, enquanto as variedades Moro apresentavam plantas com maior crescimento vegetativo nos primeiros anos de cultivo e demoravam um pouco mais para iniciar a produção intensa de frutos nas plantas (Figura 6);

c) as variedades do grupo da Moro foram as que apresentaram frutos com coloração mais intensa aos 60 dias de conservação no frio devido às maiores concentrações de antocianinas acumuladas, seguidas das variedades do grupo da Sanguinelli e, por último, a Tarocco;
d) os experimentos mantidos em regiões com clima mais quente resultaram na produção de frutos e sucos de frutos com melhor qualidade (menor acidez titulável do suco e maior ratio do suco), porém os frutos colhidos desses locais mais quentes tiveram tendência a acumular menores teores de antocianinas nas polpas quando foram conservados na pós-colheita em câmara fria, durante 60 dias, a 10 oC.


Figura 6. Planta da variedade Moro Palazelli (CN 44) com idade de 3 anos.

Algumas dúvidas ainda persistem e deverão ser sanadas nos próximos anos de experimentação. A influência do estádio de maturação dos frutos (não completamente maduro ou maduro, por exemplo), no conteúdo de antocianinas produzidas posteriormente, durante conservação na pós-colheita em câmara fria, ainda não foi completamente elucidada.

Também não se pode ainda concluir sobre os efeitos do processamento do suco (pasteurização e/ ou concentração) na manutenção do conteúdo de antocianinas. As influências das variedades de portaenxerto ainda não foram observadas.

Estudos recentes revelaram que a conservação pós-colheita dos frutos pode ser afetada pela temperatura de armazenamento, com melhores resultados durante a armazenagem à temperatura de 9 oC, que resultou em frutos com coloração púrpura mais escura e maiores teores de antocianinas na polpa, em vez de 4 oC.

Em resumo, os experimentos de avaliações de variedades de laranja sanguínea serão mantidos durante o maior número de anos possível, em busca de respostas para as questões mais importantes e mais intrigantes. Espera-se que, com esses avanços científicos e tecnológicos, num futuro breve, possa-se observar o cultivo e o processamento industrial de laranjas sanguíneas em larga escala no Estado de São Paulo e no Brasil.