quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Plantas alimentícias não convencionais


Em 1993 participei de um Curso sobre Alimentação saudável e sustentabilidade e Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC). Gostei de tudo que aprendi e passei a usar várias das dicas ali ensinadas. Hoje li no Gastrolandia um artigo sobre o tema e quis compartilhar o assunto aqui no Blog.

Quando falamos em alimentação saudável e sustentabilidade, não tem como não falar sobre as PANC! As ‘plantas alimentícias não convencionais’ (PANC) são plantas que nós, ou a maioria de nós, não comemos por falta de costume ou de conhecimento e que podem sim ser consumidas!

Nativas ou exóticas, muitas são denominadas ‘mato’, ‘daninhas’, ‘invasoras’ e até ‘nocivas’ por brotarem espontaneamente entre as plantas cultivadas ou em locais onde não “permitimos” que isso ocorra. Devido a isso, milhares de espécies com alto valor nutritivo são negligenciadas por grande parte da população e do poder público.

As PANC se referem a partes das plantas (frutos, folhas, flores, rizomas, sementes, etc) que podem ser consumidas pelo homem, cruas e/ou após preparo culinário. Além das ‘partes de plantas não convencionais’, também trata das ‘partes não convencionais de plantas comuns’, como por exemplos o uso das folhas de batata-doce e do mangará (coração) da bananeira na alimentação. As PANC tem potencial para complementação alimentar, diversificação dos cardápios e dos nutrientes ingeridos e na diversificação das fontes de renda familiar, como a venda de partes das plantas ou de produtos processados (geleias, pães, farinha, etc) e através do turismo, rural ou gastronômico.

Você já ouviu falar em peixinho que dá na terra? Pois há uma hortaliça que é conhecida como lambari da horta. Ela veio da Europa e da Ásia, mas se adaptou muito bem ao Brasil.
Em Minas Gerais, é mais comum em regiões de clima ameno. Na Europa, as pessoas a usam mais para decoração. Aqui, muita gente faz chá com ela, para acalmar tosses e irritações.

Você conhece peixinho da horta? eu sou alucinada por ele


O peixinho é bem fácil de plantar, com semente ou muda. Cresce melhor em climas mais secos. E também faz sucesso na culinária. O chef de cozinha Humberto Passeado conheceu o peixinho há cerca de 15 anos e, desde então, ela está sempre na horta dele. 

Veja abaixo a receita feita com a hortaliça:

lambari da horta

Ingredientes:

- Folhas de peixinho

- Fubá

- Ovos

- Sal a gosto

- Pimenta-do-reino

Modo de preparo:

Lave bem as folhas e seque todas. Bata os ovos com sal e pimenta-do-reino e reserve. Separe em uma travessa o fubá. Agora faça as folhas empanadas, passando primeiro pelo ovo, retire o excesso, depois pelo fubá. Aí é só fritar em óleo bem quente, por cerca de 30 segundos de cada lado até ficar dourado.

Projeto PANCs - parte 1

Projeto PANCs - parte 2

Projeto PANCs - parte 3

Projeto PANCs - parte 4


Salada de PANCs da estação (no caso, serralha, língua de vaca,
azedinha, catalônia, bálsamo e almeirão roxo) ao molho de mel
dos Mellos e queijo de cabra de Santo Antonio do Empório dos
Mellos, em Campos do Jordão

O que são PANCs e qual sua importância?

Plantas Alimentícias Não Convencionais são aquelas que a maioria das pessoas não se dá conta de sua função como alimento. Muitas, inclusive, são consideras matos ou ervas daninhas por crescerem espontaneamente nos quintais, campos e beiras de estrada.

Também pode-se considerar PANCs algumas plantas comuns, como a bananeira, porque acabamos restringindo seu consumo a fruta, jogando fora as outras partes comestíveis como o coração (ou umbigo) e os frutos verdes.

Por que tanto desconhecimento? Bom, o que aconteceu foi que com o passar das décadas, a destruição de vários biomas, o crescimento do agronegócio e os processos sucessivos de seleção artificial, houve uma redução drástica no número de plantas que são empregadas na alimentação humana. Isso traz como consequência a perda de diversidade no prato, redução de fontes naturais de nutrientes e a necessidade de reposição por fontes artificiais, como suplementos. Outro fator que se elimina é a diversidade cultural, com o abandono de saberes tradicionais associados ao consumo de espécies de plantas de ocorrência local ou regional.

Ou seja: vivemos num país riquíssimo em ingredientes mas acabamos por consumir sempre as mesmas coisas. Sendo assim, a demanda se restringe a apenas dezenas de itens, que são plantados cada vez em maior quantidade para atender a demanda. Enquanto isso, milhares de espécies são esquecidas e, muitas delas, extintas.

Por isso o trabalho de organizações e produtores como a Fazenda Coruputuba e Slow Food, entre outros, é tão importante: para serem produzidas em escala e chegarem aos mercados, é necessário haver interesse do consumidor, que só as descobrirá através de cozinheiros que as sirvam seus restaurantes e da imprensa. É o círculo virtuoso da informação.

Querendo saber mais sobro o assunto, compre o livro Plantas Alimentícias Não Convencionais, de Valdeli Kinupp, clicando AQUI

A pesquisadora Neide Rigo faz incríveis passeios urbanos, em São Paulo, para busca e identificação de PANCs. Para saber novas datas do #Panccity, seu projeto, siga o Instagram dela.

Conheça abaixo algumas das tantas PANCs brasileiras

Beldroega

Também conhecida como caaponga, porcelana, onze-horas. Consumida em saladas, sopas, molhos e para engrossar caldos. Rica em vitamina C, ômega 3 e proteínas.





Begônia


Suas flores podem ser consumidas cruas em saladas. Tem sabor refrescante, bem parecido ao do tomate verde.

Bertalha


Também conhecida por espinafre indiano. Planta trepadeira de folhas tenras que são consumidas refogadas em sopas, suflês e bolinhos.

Capuchinha


Também conhecida por Flor de Chagas, Chaguinha. Come-se as flores e folhas, que possuem grande quantidade de vitamina C. De sabor picante semelhante ao agrião.

Cará do ar

Planta trepadeira, produz tubérculos aéreos de cores branca, creme, roxa ou amarela.É rico em proteínas, carboidratos e potássio e alimento básico na Nigéria.

Chuchu de Vento


Também conhecido como maxixe peruano e taiuá. Seus frutos são consumidos em saladas, quando novos, ou refogados e recheados, quando adultos.

Vinagreira


Também conhecida como hibisco, caruru-azedo, quiabo-azedo, rosélia. São consumidas duas folhas e capuchos em saladas – cruas ou refogadas – e compotas e geleias.

Feijão Guandu


Leguminosa de sabor potente, é altamente resistente a climas secos e solos pobres. Ricos em proteínas e carboidratos.

Araçá do Campo


Da família da goiaba, a pequena fruta possui alto teor de vitaminas A, B, C, antioxidantes, carboidratos e proteínas.

Maria Gorda


Também conhecida por Major Gomes, João Gomes e língua de vaca. Rústica, tolerante a seca, rica em nutrientes, possui 500% mais ferro que o espinafre.

Peixinho

Também conhecida como lambari da horta e orelha de lebre, por sua textura peludinha. As folhas ficam deliciosas quando empanadas e fritas e remete ao sabor do peixe lambari.

Taioba

Originária da América do Sul, a taioba (Xanthosoma sagittifolium) é muito similar na aparência ao inhame (Colocasia esculenta), natural do Sudeste da Ásia. Contém baixo nível calórico e alto nível nutricional e sensação de saciedade, por possuir muitas fibras. Dela come-se as folhas – deliciosas refogadas -, e o rizoma, o Taiá.

Taiá

Rizoma da Taioba, tem sabor parecido ao do inhame. Usa-se assado, cozido, em forma de purê ou frito. Por possuir muito amido, é ótimo espessante para caldos e sopas.



Ailin Aleixo - JORNALISTA, CRIADORA DO GASTROLÂNDIA
Adora comer e beber bem – especialmente se for viajando. Ultimamente seu programa favorito é visitar produtores e conhecer o processo, nem sempre bonito, por detrás dos alimentos que consumimos. Fala (e escreve) demais o que pensa, é péssima em fazer média e já se acostumou em não ser das pessoas mais populares. Tem cinco gatos e quatro dentes do siso.

FONTE

gastrolandia

coletivoverde

redeglobo

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